Os trabalhos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) foram reabertos nesta quinta-feira (1º), com discursos tanto da base de Paulo Câmara (PSB) quanto da oposição que mostram o tom eleitoral que a Casa deve ter este ano. Enquanto o líder oposicionista, Silvio Costa Filho (PRB), destacou as promessas não cumpridas do governador problemas fiscais, o governista Isaltino Nascimento (PSB) comparou a gestão no Estado à do presidente Michel Temer (MDB) e ligou o palanque adversário ao emedebista.
Os líderes reconheceram que os projetos políticos devem fazer parte do cotidiano do Legislativo este ano. “A Assembleia vai ser a caixa de ressonância dos projetos majoritários do Estado. Os componentes não vão só discutir os projetos de lei e ações, mas também o que está envolvido nas ideias dos grupos políticos. É um ano atípico”, afirmou o governista. “É natural, por ser ano eleitoral, que o debate seja ampliado, mas o que a gente tem trabalhado é na direção de fazer algo propositivo, respeitando o debate das ideias, mas ao mesmo tempo cobrando aquilo que o governador prometeu”, disse o oposicionista.
Isaltino usou seu discurso na primeira sessão do ano para polarizar entre o grupo de Paulo Câmara e a oposição, como o lado de centro-esquerda, que seria o seu, e o de aliados de Temer, da oposição. “Parte significativa da oposição tem ligação com o governo Temer”, disse.
Em resposta às críticas da oposição, afirmou que, somando os investimentos do Governo de Pernambuco com saúde e educação acima do que é exigido por lei, o valor chega a R$ 1,26 bilhão. “Maior do que o que vem sendo apontado com déficit”, enfatizou o aliado de oposição.
O deputado voltou a alegar que o déficit de R$ 973 milhões foi por uma “aposta” do governo para dar atenção aos serviços públicos e atribuiu à culpa às crises econômica e política que atingiram o País nos últimos anos. “É preciso respeitar o tempo devido da política”, disse. “No tempo devido, o povo vai julgar não só o projeto estadual como o nacional”, completou, criticando a privatização da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).
Silvio Costa Filho afirma que “isso é retórica do PSB”. “Outros estados como Ceará, Bahia e Maranhão, que também enfrentaram crises, estão conseguindo investir e manter a saúde financeira e fiscal mais equilibrada do que o nosso Estado”, comparou. “A nossa avaliação é de que o governo tenta terceirizar a crise junto ao governo federal, ou seja, dizer que para todos os problemas a culpa é do governo federal, enquanto sabe que muitos problemas são por conta da gestão do PSB.”
Em seu discurso, o líder da oposição chamou atenção para as partes do programa de governo que não foram cumpridas. “O BRT continua inconcluso, o Projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe segue parado, o corredor do VLT da Avenida Norte nunca saiu do papel, a promessa da tarifa única ainda não foi cumprida, as 20 unidades do Compaz sequer foram iniciadas, entre outras promessas”, apontou. “Nos últimos anos o que assistimos foi a piora dos serviços prestados à população. Tivemos em 2017 o ano mais violento da história, com 5.527 assassinatos e cerca de 120 casos de roubos e assaltos.”
Mensagem do governo é de ajuste fiscal
Sem Paulo Câmara, o governador em exercício, Raul Henry (MDB), escalou o secretário da Casa Civil, Nilton Mota (PSB), para ler a mensagem do Executivo para o Legislativo, em que faz um balanço das ações de 2017. Apesar das críticas da oposição ao déficit, o assunto principal foi o ajuste fiscal.
“Enquanto diversos outros Estados submergiam numa dura crise fiscal e de gestão, mantivemos Pernambuco dentro de parâmetros norteadores que nos permitiram sair da inércia econômica induzida pela crise nacional, e sair de forma precoce, tomando dianteira frente a diversos outros governos estaduais e até do próprio governo federal”, afirma, em crítica a Temer. “Sustentamos, com muito esforço e determinação, o compromisso com nossos servidores, pagando salários em dia e honrando o 13º salário, ao contrário do que se observou em muitos outros entes federativos, sufocados em um cenário fiscal inviabilizador.”
Blog de Jamildo
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